sábado, 17 de novembro de 2007

A Matemática na literatura, os ângulos

Entre as figuras geométricas mais sitadas pelos escritores devemos apontar em primeiro lugar o "ângulo".
Graça Aranha, na Viajem Maravilhosa, descrevendo uma estrada pela qual era galgada uma montanha, empregou figuras geométricas com admirável precisão:

"As linhas retas iam formando ângulos agudos e obtusos na encosta da montanha que subia intricada e ardente."
Théo Filho, nas Impressões Trasatlânticas, utiliza-se da expressão "ângulo reintrante", que não é das mais comuns entre os literatos:

"Vistas do ângulo mais reintrante do primeiro plano..."

Em geral, os escritores não distinguem um diedro de um ângulo plano. Se temos um exemplo característico colhido em O Guarani de José de Alencar:

"Tirou a sua adaga e cravou-a na parede tão longe quanto lhe permitia a curva que o braço era obrigado a fazer para abarcar o ângulo."

Essa frase, indicada como exemplo ficaria sacrificada se o famoso romancista tivesse escrito:
"...que o braço era obrigado a fazer para abarcar o diedro."
Convém lembrar, aliás, que o poeta Augusto dos Anjos, na primeira quadra de seus sonetos conseguiu encaixar um diedro perfeito:

"Ah! Por que monstruosíssimo motivo prenderam para sempre, nesta rede dentro do ângulo diedro das paredes."

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